Recuperação extrajudicial da Casas Bahia: uma solução estratégica para o endividamento

Escrito por Luidy Yamawaki ,
Luidy Yamawaki é advogado e sócio da Arêa Leão Consultoria
Legenda: Luidy Yamawaki é advogado e sócio da Arêa Leão Consultoria

A notícia do pedido de recuperação extrajudicial pela rede de varejo Casas Bahia, envolvendo uma dívida considerável de R$ 4,1 bilhões, naturalmente provocou inquietações no mercado. Entretanto, o desfecho desse processo, ao contrário do que se poderia temer, trouxe um suspiro de alívio para investidores e analistas.

A estratégia adotada, que conta com o apoio do Bradesco e Banco do Brasil, principais credores da empresa, visa oferecer uma solução de longo prazo para um endividamento que pressionava o caixa da companhia a curto prazo. O plano de recuperação extrajudicial inclui medidas como o alongamento de amortização de dívida, com carência de 24 meses para pagamento de juros e 30 meses para pagamento do principal, além da possibilidade de conversão de parte da dívida em participação na empresa pelos credores apoiadores.

É importante ressaltar que esse acordo não envolve dívidas operacionais com fornecedores e parceiros, e tampouco impacta negativamente os trabalhadores ou clientes da Casas Bahia. A empresa conseguiu o apoio de credores detentores de 55% de sua dívida financeira sem garantias, o que já sinaliza a viabilidade do plano.

Um dos pontos cruciais desse plano é o reperfilamento da dívida, que se concentra em créditos financeiros, deixando de lado as dívidas operacionais. Isso demonstra um esforço em proteger os relacionamentos comerciais essenciais para a operação da empresa, mantendo a confiança de clientes, fornecedores e colaboradores.

Comparativamente, a recuperação extrajudicial adotada pela Casas Bahia mostra-se como uma alternativa menos traumática para o mercado em comparação com a recuperação judicial. Enquanto esta última muitas vezes implica na suspensão de pagamentos a credores e na imposição de um plano de recuperação, a recuperação extrajudicial permite uma negociação direta com os principais credores, evitando um impacto mais negativo na economia e na sociedade.

É fundamental reconhecer que, em muitos casos, a escolha do que aparenta ser o remédio mais amargo e eficaz - a recuperação judicial - pode trazer consequências graves demais para a empresa. Optar por um reperfilamento na via extrajudicial, seja através da negociação direta com credores, seja com instituições financeiras, frequentemente se mostra uma opção mais eficiente, célere e menos onerosa.

Portanto, diante do cenário atual, a decisão da Casas Bahia de buscar a recuperação extrajudicial parece ser uma estratégia acertada, não apenas para a empresa, mas também para o mercado como um todo. Ao evitar impactos negativos significativos e preservar suas operações essenciais, a empresa demonstra resiliência e responsabilidade na gestão de sua situação financeira.
 
Luidy Yamawaki é advogado e sócio da Arêa Leão Consultoria
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