Julho é das pretas

As mulheres negras, quilombolas, dos povos de terreiro, moradoras das periferias estão mais expostas as iniquidades na cidade e no campo

Legenda: A edição de 2023 tem como tema Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver
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As mulheres negras, quilombolas, dos povos de terreiro, moradoras das periferias estão mais expostas as iniquidades na cidade e no campo, sofrem o impacto das desigualdades provocadas pelas opressões interseccionadas de raça, gênero e classe. Mulheres e meninas negras sobrevivem em risco iminente de serem atacadas e violentadas.

Diante das desvantagens e dificuldade de reconhecimento da negritude essas mulheres têm resistido por meio do seu ativismo. Nos anos de 1980 realizaram o I Congresso de Mulheres Negras das Américas no Equador. Tem ganhado evidência o Festival Latinidade motivado pelo 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino- Americana e Caribenha e o Julho das Pretas, que celebra também o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra criado em 2013 pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, como espaço de articulação política.

Como mulheres potentes dos movimentos de mulheres negras, durante o mês de julho, realizam ações para além de denunciar as violências sobrepostas e encobertas como forma de desmascarar as discriminações, apresentar as desigualdades raciais e de gênero, como: assédio sexual e moral, violência política, desemprego, trabalho precarizado, extrema pobreza e insegurança alimentar grave, pouca representatividade política etc., são propositivas ao reafirmam as resistências plurais, fortalecem a luta e demandam sua presença nos espaço de decisão política e institucionais.

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O julho das Pretas como ação de incidência política coletiva das mulheres negras, visa construir uma agenda positiva no combate ao racismo e ao machismo, e se faz de modo presencial ou virtual por meio de seminários, conferências, palestras, exibição de vídeos, painéis, mesa de debates, lançamento de livros, premiações e tantas outras ações em todo território nacional.

A edição de 2023 tem como tema Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver. As entidades organizadoras utilizam dessa estratégia política para fortalecer o reconhecimento dos saberes, vivências e experiências profissionais e plataforma política consolidada por elas como patrimônio relevante do país.

Legenda: As entidades organizadoras utilizam dessa estratégia política para fortalecer o reconhecimento dos saberes, vivências e experiências profissionais
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Esse grupo étnico-racial tem história para contar, celebrar memórias e a ancestralidade e precisam ocupar lugares de vantagens na estrutura social, com trabalho digno, no serviço público, acesso as universidades, na gestão de políticas públicas e nos espaços de poder e decisão coo parlamento.

As mulheres negras têm contribuído de forma decisiva na construção de modelos sustentáveis de desenvolvimento social e econômico, fazem gestão sustentáveis de recursos naturais nos seus territórios, de modo a construir uma sociedade mais justa e inclusiva. Portanto, torna-se necessário que enxerguem suas potencialidades e escutem suas demandas. Reivindicam melhores condições de bem viver, oportunidades via políticas de redistribuição econômica e de reparação histórica como parte do pacto civilizatório com reconhecimento e justiça racial.



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