Aluno da rede pública no CE calcula a temperatura do Universo e é finalista em Olimpíada de Astronomia

César de Araújo fez prova de Planetário, onde tinha que falar os nomes das estrelas, constelações e objetos de céu profundo (DSOs) apontadas pelo avaliador

Legenda: Prof. Edilson Clímaco e seu aluno, César finalista da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA).
Foto: Ednardo Rodrigues

César de Araújo Oliveira é aluno do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Educação Profissional Isaías Gonçalves Damasceno, localizada no município de São Benedito, a mais de quatro horas de Fortaleza, Ceará. Dentre mais de um milhão de alunos inscritos em todo o País, o estudante está entre os 47 selecionados na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), posicionando-se na atual colocação de número 27, não precisando de cotas para alunos de escolas públicas.

O jovem aprendeu Cálculo Diferencial e Integral já Ensino Médio (aquele cálculo inventado por Isaac Newton e Leibniz). Ele também estudou trigonometria esférica sozinho, algo que é abordado a partir da fase presencial da Seletiva da Olimpíada de Astronomia e Astronáutica (OBA) em Barra do Piraí-RJ

Veja também

Para entender onde o jovem se encontra na Seletiva de Astronomia, veja detalhadamente cada fase da OBA e o seu respectivo número de participantes na tabela abaixo:

Número de participantes da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) em suas respectivas fases.

FASE SELETIVA NÚMERO DE ESTUDANTES
Olimpíada (OBA) 1.385.658
Fase online (FO) 28.967
Barra do Piraí (B0) 157
Treinamento 1 (T1) 47
Treinamento 2 (T2) - Próxima fase 47
Treinamento 3 (T3) - Seleção Brasileira 10

Na fase anterior, chamada de Treinamento 1 (T1), César teve que calcular a temperatura do Universo em função do tempo. A temperatura do universo é estimada pela radiação cósmica de fundo (CMB, cosmic microwave background) e a partir disso, usando uma lei da Mecânica Quântica chamada Lei Wein, é possível deduzir a temperatura atual do universo.

Contudo, o universo se expande, isso “estica” o comprimento de onda da CMB e, consequentemente, reduz a temperatura do universo. Ele teve que apresentar este comportamento em um gráfico. Os candidatos recebem uma folha milimetrada (folha com uma grade) para fazer este gráfico.

Além disso, César fez prova de Planetário, onde tinha que falar os nomes das estrelas, constelações e objetos de céu profundo (DSOs) apontadas pelo avaliador. O jovem tinha se preparado no Planetário do Museu do Eclipse em Sobral com instruções do Prof. Emerson Almeida. Lá ele também teve instruções em observação com uso de telescópio que é usado em outra prova desta fase da seletiva.

Legenda: César faz um teste com um telescópio refrator um dia antes da prova. O lado, seu professor Edilson Clímaco
Foto: Ednardo Rodrigues

No entanto, o que mais chamou a atenção foi sua prova de foguetes da mesma olimpíada. O aluno da EEEP Isaias Gonçalves Damasceno conseguiu ficar no top 3, um marco impressionante onde havia 47 estudantes de escolas consagradas nacionalmente. O jovem fez o foguete com muito capricho e conhecimento aeronáutico. Seu professor, Edilson Clímaco, é um veterano da Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG).  

Abordei o assunto em uma das últimas colunas e recebi feedback positivo, mostrando que o texto ajudou na obtenção de recursos. Não há retorno melhor para mim, como colunista, do que saber o impacto positivo que nossos textos têm na sociedade, principalmente, no pilar da educação

Da seletiva da OBA na fase anterior, com 157 participantes, ficaram apenas 47 alunos. Eles conseguiram apoio da Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede) e da Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Seduc).

Legenda: Oficina de foguetes com o presidente da OBA, Prof. Dr. João Canalle e do Prof. Alberto Alves
Foto: Ednardo Rodrigues

É claro que, além disso, tiveram que correr atrás, falar com muitas pessoas, preencher muitos formulários e ainda fizeram “vaquinha”, para levantar recursos para o Treinamento 1. Para a  próxima viagem, o Treinamento 2, recomeça todo o processo burocrático novamente e o apoio das pessoas tem sido fundamental.

Se tudo der certo, e vai dar, o jovem deve retornar para o Rio de Janeiro para o Treinamento 2 da seletiva no dia 19 de maio e permanecer lá fazendo provas até o dia 24 de maio. Já é a seleção final. Estamos na torcida por ele e pelo estado do Ceará.

São apenas 10 vagas para compor duas equipes de cinco integrantes, uma para XVII Olimpíada Latino Americana de Astronomia e Astronáutica (XVI OLAA), que ocorrerá em novembro na Costa Rica e a outra, XVII Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (XVII IOAA), de 17 a 26 no Brasil.